11/11/2010

saxofone

alma saxofone.
ecoa no espaço
do palco nu.
transporta-me daqui.
invade, preenche,
suspende-me no sorriso.
ternura sincopada.
sons que acariciam
a sensualidade
das lágrimas
que percorrem
o meu peito.
e é doce
o veneno das notas
nas folhas mortas
onde as mãos deslizam
a vida sinuosa.
rasga o tempo,
mostra-me o momento.
palpita no meu sangue.
sou saxofone.
toca-me,
ouve a música
que choro
por ti...

nem minha nem tua

não sou minha
nem tua,
não sou de ninguém,
sou de quem quiser
doer-me na pele,
beber-me lágrimas
e abrir-me sorrisos.
não sou minha
nem tua,
não sou de ninguém,
sou apenas rota
de quem me navegar,
me trilhar latitudes
e abrir-me monções.
não sou minha
nem tua,
já nem sei que sou,
se espátula em tela,
escopro na pedra,
ou mero barro
nos teus dedos...

sem rumo

solta as amarras
e segue à deriva,
o teu porto seguro
esfumou-se no ar,
preenche o destino
da tua natureza,
pede a cada onda
que te deixe passar,
ondula sensual
sobre o fundo do mar,
lambe as feridas
carregadas de sal,
apunhala a dor
que te mina o norte
e continua a navegar,
começando a desbravar
latitudes novas,
jardins de coral
dos teus olhos escondidos,
o outro lado teu
que apagaste insensato,
a face da lua
que fingias não ver,
a chuva de estrelas
que Deus encomendou,
solta as amarras
e segue à deriva,
um dia verás
que isso é amar...