19/01/2011

nada para dizer


não, não tenho nada para dizer. só quis aqui vir e aqui ficar... só um pouco... deleitar-me no silêncio amargo das esquinas fugidias. pedras, pedras pesadas que magoam, não sei bem o quê. nada há para amachucar. não há mais nada! nada! tudo me foge, em transe nauseabundo. vomito dores que nunca cheguei a sentir, que não são minhas, nem de ninguém. perdi-me de tudo, do mundo, mergulhei no charco azedo prenhe de girinos informes. e o vórtice abre-se e suga-me, e eu quero ir, quero deixar-me ir, comida, engolida. cuspida pelo lado negro.
devora-me inteira. não deixes ossos, nem carne, nem sangue. olho monstruoso, leva-me daqui, rouba-me ao mundo, viola-me e espanca-me até ser poeira de lágrimas inexistentes.
não, não tenho mesmo nada para dizer...

2 comentários:

Laura Ferreira disse...

Que bom que te encontrei outra vez.
Há escritas que não se esquecem...

Joana Roque Lino disse...

Olá, Laura,
Obrigada pela visita e pelas palavras. Adicionei-te ao blogue.
Bj